Quando o cansaço pode ser sinal de alteração na glicemia

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Fadiga, sonolência e oscilações de humor podem estar ligadas à glicemia alta e ao pré-diabetes. Saiba como esse quadro é reversível e quais estratégias práticas ajudam na prevenção.


Você tem sentido um cansaço que não passa, aquela sonolência depois do almoço ou até uma “névoa mental” que dificulta a concentração?


No consultório, tenho recebido cada vez mais pacientes com essas queixas — e muitas vezes, ao investigar, encontramos alterações na glicemia. Nem sempre é apenas estresse ou saúde mental: pode ser um alerta silencioso do corpo.


A relação entre fadiga, saúde mental e glicose

A glicose é nossa principal fonte de energia. O problema é quando o organismo não consegue utilizá-la de forma adequada. Quando a glicemia fica desregulada, surgem consequências que vão além do físico:

  • fadiga persistente,
  • sonolência após as refeições,
  • compulsões alimentares,
  • oscilações de humor,
  • dificuldade de concentração e “névoa mental”,
  • enxaquecas,
  • até alterações hormonais e infertilidade.

Ou seja, aquilo que parece apenas “cansaço” pode ser sinal de que seu metabolismo está pedindo atenção.


Pré-diabetes: um quadro reversível

O pré-diabetes é uma fase em que a glicemia está acima do normal, mas ainda não configura diabetes. É muito mais comum do que se imagina e, na maioria das vezes, é descoberto em exames de rotina.

A grande notícia é que esse quadro é reversível.


Em consulta, faço questão de explicar isso com calma: não é um diagnóstico definitivo, mas sim uma oportunidade. Com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida, é possível reduzir os níveis de glicose, recuperar energia e prevenir complicações.

Para mais conteúdos sobre saúde integral, me acompanhe no Instagram: @juliadippolito.medica


Como investigar: exames que avaliam a glicemia

Existem alguns exames simples e acessíveis que ajudam a identificar alterações no metabolismo da glicose:

  • Glicemia em jejum: mede a quantidade de glicose no sangue após 8h de jejum. Valores entre 100 e 125 mg/dl já indicam pré-diabetes (https://www.diabetes.org.br/profissionais/diretrizes-sbd)
  • Hemoglobina glicada (HbA1c): mostra a média da glicemia nos últimos 3 meses. Entre 5,7% e 6,4% sugere pré-diabetes.
  • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): mede a glicemia após ingestão de glicose. É útil em casos de dúvida diagnóstica.

Esses exames podem parecer simples, mas são fundamentais para detectar precocemente alterações e agir antes que evoluam para diabetes.


Quem tem mais risco de desenvolver pré-diabetes?

Alguns fatores aumentam a chance de alterações na glicemia:

  • Idade acima de 40 anos
  • Histórico familiar de diabetes tipo 2
  • Excesso de peso, especialmente abdominal
  • Sedentarismo
  • Alimentação rica em ultraprocessados e bebidas açucaradas
  • Hipertensão e colesterol alto
  • Mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) ou diabetes gestacional no passado

Identificar esses fatores é essencial para definir quem precisa de acompanhamento mais próximo.


A glicemia e a saúde mental

Um ponto que muitas vezes surpreende os pacientes é a ligação entre glicemia e saúde mental. Oscilações rápidas de glicose no sangue podem causar irritabilidade, ansiedade e até sintomas depressivos (https://www.health.harvard.edu).

Isso acontece porque os níveis de glicose influenciam neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que estão diretamente ligados ao humor. Por isso, nem sempre a “falta de energia” ou a “instabilidade emocional” são apenas questões psicológicas muitas vezes têm fundo metabólico.


Estratégias práticas para controlar a glicemia

A autora Jessie Inchauspé, no livro A Revolução da Glicose, popularizou estratégias simples e cientificamente comprovadas para “achatar a curva de glicemia”, evitando picos que sobrecarregam o organismo. Entre elas:

  • Comer primeiro os vegetais: as fibras criam uma barreira natural que reduz a absorção rápida da glicose.
  • Incluir proteínas em todas as refeições: ajudam na saciedade e estabilizam o metabolismo.
  • Se movimentar após comer: uma caminhada de 10 a 20 minutos já melhora a utilização da glicose pelos músculos.
  • Reduzir bebidas açucaradas e ultraprocessados: são os principais responsáveis por picos glicêmicos.

Em consulta, gosto de reforçar que essas mudanças não precisam ser radicais ou imediatas. O segredo está em construir um plano de cuidado sustentável, adaptado ao estilo de vida de cada pessoa.


Sinais de alerta: quando desconfiar?

Além do cansaço persistente, alguns sinais podem indicar alterações na glicemia:

  • Sede excessiva
  • Urinar com frequência
  • Visão embaçada
  • Ganho de peso abdominal
  • Histórico de pré-diabetes ou diabetes na família

Se você se identificou com mais de um desses pontos, vale procurar seu médico de família para uma avaliação.


Nas últimas semanas no consultório

Nas últimas semanas, tenho atendido muitos casos de queixas de cansaço constante. Alguns pacientes já mantinham uma rotina de atividade física, mas, nos exames, descobrimos o pré-diabetes. Esse diagnóstico pode ser assustador, principalmente quando há histórico de diabetes na família.

Tenho buscado tranquilizar esses pacientes com informação, cuidado e atenção individualizada, propondo mudanças simples no estilo de vida. Às vezes, apenas a ordem dos alimentos ingeridos ou a combinação entre eles já faz diferença.

E o mais interessante: a melhora costuma ser rápida e gratificante, trazendo de volta energia e disposição.


Conclusão: prevenção é poder

Fadiga, “névoa mental” e oscilações de humor não devem ser ignorados. Muitas vezes, são sinais de alterações metabólicas que podem evoluir para pré-diabetes ou diabetes.

Como médica de família, dedico tempo para explicar cada detalhe desse processo e acompanhar de perto meus pacientes. Pequenas mudanças hoje podem evitar grandes complicações amanhã.

Quer começar seu cuidado integral? Agende sua consulta aqui e cuide da sua saúde com atenção e personalização.

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